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Innovation Fund

A UE impulsiona a descarbonização com 2.400 milhões de euros

Convite Net Zero Technologies

A Comissão Europeia anunciou, na semana passada, a abertura do convite Net Zero Technologies do Innovation Fund 2024, uma iniciativa que destinará 2.400 milhões de euros para financiar projetos de investimento que contribuam para reduzir significativamente as emissões de carbono em setores de alto consumo energético. O orçamento do convite à apresentaçao de propostas, que provavelmente será aumentado em 40%, tem como objetivo acelerar a transição para tecnologias sustentáveis nas indústrias, no transporte e na energia. As entidades interessadas deverão submeter as suas propostas até o dia 24 de abril de 2025.

O convite Net Zero Technologies está desenhado para enfrentar desafios específicos na descarbonização em grande, média e pequena escala. A iniciativa também apoia a construção de instalações de fabrico para tecnologias limpas e o desenvolvimento de soluções altamente inovadoras que possibilitem uma profunda redução das emissões.

“Este convite representa uma oportunidade importante para que a Europa afirme a sua liderança em tecnologias limpas”, sublinha Natxo de Marco, líder da área de Energia em Projetos Europeus da Zabala Innovation, que destaca que estas ajudas são fundamentais para posicionar a UE como um líder mundial em sustentabilidade e tecnologia.

Convite Net Zero Technologies: cinco ‘tópicos’ para a transição climática

Três dos tópicos em que se divide o convite Net Zero Technologies centram-se na descarbonização. Cada um deles refere-se a um tipo distinto de projeto, conforme o seu orçamento: grande escala, para projetos acima de 100 milhões de euros; média escala, entre 20 e 100 milhões de euros; e pequena escala, entre 2,5 e 20 milhões de euros. As atividades elegíveis incluem a redução da pegada de carbono em processos produtivos industriais de elevado consumo energético (mineração, metais, cimento, vidro, papel, produtos químicos, plásticos, hidrogénio), a captura e armazenamento de carbono, bem como o desenvolvimento de tecnologias renováveis e de armazenamento de energia. O orçamento para estes três tópicos atinge os 1.500 milhões de euros.

Um quarto tópics, Clean-Tech Manufacturing, com um orçamento de 700 milhões de euros, está focado na construção e operação de instalações para fabricar componentes-chave em tecnologias para produção de energias alternativas. Exemplos incluem painéis solares, turbinas eólicas, eletrólise e baterias para armazenamento de energia. Neste tópicop, a Comissão Europeia dá especial ênfase à promoção de produtos que sejam não apenas mais sustentáveis, mas também mais competitivos em termos de custo e desempenho. Isso inclui tecnologias como bombas de calor, sistemas solares avançados e componentes de armazenamento de energia com uma menor pegada de carbono.

Além disso, Bruxelas procura promover a circularidade através da reciclagem de materiais críticos. Por exemplo, projetos que reutilizem componentes essenciais em baterias ou turbinas poderão candidatar-se a financiamento. Segundo De Marco, este tópico é a demonstração de que a Europa quer ser “líder não apenas em inovação, mas também na adoção de modelos de produção e consumo mais responsáveis”.

Por fim, o tópico para projetos piloto, com um orçamento de 200 milhões de euros, visa validar tecnologias de descarbonização altamente inovadoras em setores-chave. Estas iniciativas procuram reduzir o risco técnico das novas soluções antes da sua aplicação em grande escala. “Este é um tema chave para fomentar avanços disruptivos que marquem uma viragem na transição energética”, afirma este especialista da Zabala Innovation, uma consultoria que, na edição anterior do convite Net Zero Technologies, duplicou a taxa média de sucesso, garantindo para os seus clientes 8% dos fundos disponíveis.

Sectores-chave e critérios de seleção

O convite Net Zero Technologies do Innovation Fund 2024 abrange uma vasta gama de setores, incluindo indústrias de alta intensidade energética, como refinarias, aço, alumínio, cimento, vidro e produtos químicos. Também inclui projetos relacionados com energias renováveis, armazenamento de energia, mobilidade sustentável e eficiência energética nos edifícios.

Entre os critérios que serão avaliados no processo de seleção destacam-se o grau de inovação, o potencial de redução de emissões e a viabilidade e maturidade técnica, económica e operacional dos projetos, assim como o potencial de replicabilidade e a contribuição para a resiliência da UE. De Marco acredita que haverá muita concorrência: “A chave está em apresentar propostas que combinem inovação tecnológica com impacto mensurável na sustentabilidade. Isso inclui desde melhorias nos processos de produção até o desenvolvimento de novos materiais mais eficientes”, assegura.

Os projetos serão avaliados por peritos independentes e terão de cumprir requisitos técnicos e financeiros rigorosos. “A apresentação das candidaturas exige um elevado nível de precisão técnica”, alerta De Marco. “Os projetos devem demonstrar não apenas a sua viabilidade, mas também a sua capacidade de contribuir para os objetivos climáticos da UE para 2050”, acrescenta.

Desde a sua criação, o programa Innovation Fund já financiou projetos que somam milhares de milhões de euros em investimentos em I&D relacionados com a sustentabilidade. Com o convite Net Zero Technologies, a Comissão Europeia espera não só avançar nos seus objetivos climáticos, mas também estimular a criação de emprego e reforçar a autonomia tecnológica do continente.

“Esta iniciativa não se perfila apenas como uma ferramenta chave para reduzir as emissões, mas também como um motor para transformar o panorama industrial europeu, alinhando-o com os desafios e oportunidades de um futuro sustentável”, conclui De Marco.