
Notícias
Inovação
Portugal situa-se na 19ª posição em 27 como inovador moderado, segundo o Innovation Scoreboard 2024
Este relatório da Comissão Europeia sobre pesquisa e inovação indica que a Europa está progredindo 0,5% este ano
Investimento em R&D
O EU Industrial R&D Investment Scoreboard 2024 destaca o impulso europeu, mas sublinha os desafios de produtividade e concentração setorial
Em um mundo cada vez mais competitivo, onde a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação (P&D+i) são motores-chave do progresso económico, o EU Industrial R&D Investment Scoreboard 2024 revela uma imagem complexa: as empresas europeias aumentam seu investimento em P&D, mas ainda enfrentam desafios significativos frente aos seus concorrentes globais.
“O relatório confirma uma tendência que já estamos observando: a Europa está alcançando avanços em investimento, mas ainda tem dificuldades em traduzir esses esforços em competitividade global”, explica José Alberto de la Parte, diretor de Projetos Estratégicos da Zabala Innovation.
Em 2023, as 2.000 maiores empresas do mundo investiram 1,26 trilhões de euros em P&D, um aumento de 7,8% em relação ao ano anterior. Neste cenário, as empresas europeias tiveram um aumento de 9,8%, superando os Estados Unidos (5,9%) e a China (9,6%). No entanto, nas palavras de De La Parte, “esse crescimento, embora positivo, não pode ocultar a tendência de longo prazo: a Europa está perdendo terreno para os Estados Unidos e a China em setores estratégicos como software e saúde”.
Das 800 maiores empresas europeias incluídas no relatório, o setor automotivo continua a liderar o investimento em P&D com 34,2% do total. Gigantes como Volkswagen, Mercedes-Benz e Stellantis estão no topo dessa lista. No entanto, De La Parte destaca que “dependemos demais dessa indústria. Embora setores como o de TIC estejam crescendo rapidamente, a Europa ainda está longe de liderar em tecnologias digitais, onde os Estados Unidos investem quase dez vezes mais que nós em software”.
No contexto europeu, Portugal tem um papel modesto, mas significativo. Em 2023, as empresas portuguesas registaram um aumento no investimento em I&D, mas a sua representatividade no ranking das empresas líderes continua a ser limitada. De fato, apenas uma empresa portuguesa, entre as 2.000 principais empresas do mundo, está incluída no relatório de 2024. Este cenário reflete a dificuldade do país em consolidar um setor empresarial com capacidade para competir em igualdade de condições com outras nações da UE, como Alemanha ou França, que possuem um número significativamente maior de empresas que investem em I&D.
O relatório revela também que, em termos absolutos, o investimento em I&D das empresas portuguesas sofreu uma queda quando ajustado pela inflação. Este declínio é um reflexo das dificuldades económicas e da pressão inflacionária que ainda afetam o país. No entanto, 854 empresas do Scoreboard têm filiais em países além do próprio, incluindo Portugal, com cerca de 14.000 filiais em toda a região. Esta presença internacional de empresas globais em Portugal representa uma oportunidade para o país atrair mais investimento e aumentar a sua competitividade.
De acordo com o relatório, as pequenas e médias empresas portuguesas têm um peso reduzido no total do investimento em I&D. Isto deve-se, em parte, à dificuldade das PME em competir num mercado globalizado, especialmente quando comparadas com empresas de maior porte e maior capacidade financeira. No entanto, a crescente presença de empresas estrangeiras pode ajudar a melhorar este panorama, criando oportunidades para o desenvolvimento do tecido empresarial português, especialmente nos domínios das tecnologias de informação e comunicação (TIC) e da saúde, setores com elevado potencial de crescimento a nível global.
Uma das descobertas mais notáveis do Scoreboard 2024 é a alta concentração do investimento global em poucas empresas e setores. As 50 principais empresas do mundo, lideradas por Alphabet, Microsoft e Amazon, representaram 40,1% de todo o investimento em I&D. Na Europa, apenas a Volkswagen conseguiu entrar entre os 10 primeiros lugares globais, ocupando a quinta posição com um investimento de 22.000 milhões de euros.
“Este nível de concentração é um desafio para a Europa. Precisamos de políticas mais ambiciosas que não apenas impulsionem as grandes empresas, mas também ajudem as PME a crescer e a escalar”, destaca De La Parte.
A nível setorial, os setores tecnológico e da saúde lideram o investimento global. No entanto, enquanto os Estados Unidos dominam em software e biotecnologia, a China multiplicou por oito o seu investimento em TIC desde 2013. A Europa, por sua vez, continua a ser líder no setor automotivo, mas não conseguiu diversificar a sua liderança para áreas com maior potencial de crescimento futuro.
O relatório também alerta para uma tendência preocupante: o retorno do investimento em I&D está a diminuir em todo o mundo, e a Europa é uma das regiões mais afetadas. De acordo com a análise, as empresas europeias precisam cada vez mais de recursos para gerar resultados tangíveis, como novos produtos ou patentes.
“Este é um problema estrutural. Não se trata apenas de gastar mais em I&D, mas sim de gastar melhor. Precisamos atrair talento, melhorar os processos de inovação e criar políticas mais eficazes que incentivem resultados de alto impacto”, aponta De La Parte.
O relatório também destaca o papel das fusões e aquisições como uma ferramenta para melhorar a competitividade. As empresas ativas nesse sentido costumam apresentar melhores resultados em termos de emprego, vendas e rentabilidade. No entanto, o impacto na produtividade nem sempre é positivo, especialmente em setores onde a Europa já enfrenta uma lacuna competitiva.
O Scoreboard destaca a urgência de a Europa adotar medidas mais ambiciosas para manter a sua relevância global em I&D. O contexto político e económico atual, marcado por conflitos regionais e uma crescente competição pela supremacia tecnológica, exerce ainda mais pressão sobre a UE.
“O relatório deixa claro que precisamos de uma estratégia de competitividade mais ampla e de longo prazo, como sugere o relatório Draghi. Não podemos limitar-nos a aumentar os orçamentos, mas devemos promover a inovação disruptiva e criar as condições para que as empresas possam expandir a nível global”, conclui De La Parte.
Notícias
Inovação
Este relatório da Comissão Europeia sobre pesquisa e inovação indica que a Europa está progredindo 0,5% este ano
Opinião
Relatório Draghi
Susana Garayoa
Diretor de Relações Institucionais em Bruxelas
Publicação
10TH FRAMEWORK PROGRAMME
Explore o documento no qual partilhamos as nossas recomendações e visão estratégica para o próximo 10th Framework Programme
Somos peritos em programas de financiamento europeus, que oferecem a oportunidade de financiar o desenvolvimento e o acesso ao mercado dos projetos inovadores da sua empresa.
Colaboramos com as administrações públicas para promover a inovação e ajudar as empresas a integrar a inovação na sua estratégia geral.
A atividade inovadora da tua empresa pode ser recompensada através de benefícios fiscais