Um ano crucial para as infraestruturas de combustíveis alternativos no transporte

Após o primeiro prazo, no passado dia 24 de setembro, o segundo convite à apresentação das propostas do Mecanismo Conectar Europa para a Infraestrutura de Combustíveis Alternativos no Transporte (CEF Transport AFIF, na sigla em inglês) tem agora um segundo ano crucial. Até essa data, foram apresentadas 59 propostas, num montante de financiamento de 609 milhões de euros. Agora, com um orçamento restante previsto de cerca de 400 milhões de euros em ajudas, esta iniciativa oferecerá, em 2025, duas novas oportunidades para apresentar projetos de investimento, com prazos limite a 11 de junho e 17 de dezembro.

Asier Pérez, consultor em Projetos Europeus e especialista na área de conhecimento de Transporte da Zabala Innovation, aconselha “começar a trabalhar nas propostas com uma antecedência de, pelo menos, três meses, dada a necessidade de cumprir requisitos técnicos e financeiros muito rigorosos, assim como de reunir o apoio das instituições financeiras e dos Estados-Membros”. Pérez destaca que a Zabala Innovation tem uma vasta experiência no CEF: “Nos últimos 15 anos, apresentámos mais de 60 propostas neste programa e temos uma taxa de sucesso superior a 90% na prioridade AFIF, graças, em grande parte, ao nosso know-how nos modelos de análise custo-benefício”.

“Para as entidades que planeiam implantar sistemas de carregamento a curto e médio prazo, entre 2025 e 2028, este ano é crucial para obter o apoio financeiro necessário para cumprir eficazmente o seu roadmap”, afirma Pérez, para quem o CEF AFIF é essencial na transição para um transporte mais sustentável na Europa.

Esta segunda fase do AFIF (2024-2025) apoia os objetivos estabelecidos no novo Regulamento para a implementação de infraestruturas para os combustíveis alternativos (AFIR). Isto inclui a instalação de estações de carregamento rápido de, pelo menos, 150 kW para automóveis e veículos comerciais ligeiros a cada 60 km nos principais corredores de transporte da UE a partir deste ano, e estações de abastecimento de hidrogénio a cada 200 km na rede básica da RTE-T a partir de 2030. “A disponibilidade de estações de carregamento elétrico e de abastecimento de hidrogénio nas principais rotas de transporte é fundamental para promover o uso de veículos de emissões zero”, assegura Pérez.

Requisitos para o CEF Transport AFIF 2025

O CEF AFIF apoia projetos de investimento maduros que tenham recebido uma carta de apoio de uma instituição financeira pública ou privada estabelecida na União Europeia. Também é necessário garantir a formalização de um acordo para o financiamento de, pelo menos, 10% do investimento previsto nos 12 meses seguintes ao pedido de apoio. O objetivo é apoiar a implementação de uma infraestrutura de fornecimento de combustíveis alternativos que contribua para a descarbonização do transporte ao longo da rede transeuropeia de transporte (RTE-T).

Para além do apoio às estações de carregamento de alta potência e às estações de abastecimento de hidrogénio, o CEF AFIF oferece novas oportunidades de financiamento para estações de carregamento, na orden dos megawatts, para veículos pesados, fornecimento de eletricidade e hidrogénio nos aeroportos, e fornecimento de eletricidade e abastecimento de amoníaco e metanol nos portos.

Neste sentido, nas palavras de Pérez, “a diversificação das fontes de energia no setor do transporte é essencial para reduzir a dependência dos combustíveis fósseis e diminuir as emissões poluentes. A inclusão de infraestruturas para combustíveis como o amoníaco e o metanol nos portos, assim como o fornecimento de hidrogénio nos aeroportos, representa um avanço significativo nesta direção”.

Alinhamento com outros regulamentos

O desenvolvimento dessas infraestruturas também está alinhado com os Regulamentos ReFuelEU Aviation e FuelEU Maritime, que visam impulsionar a adoção de combustíveis alternativos sustentáveis nos setores aéreo e marítimo, respetivamente. Estes regulamentos estabelecem requisitos específicos para o fornecimento de eletricidade a partir da terra nos portos e aeroportos, com o objetivo de reduzir as emissões associadas às operações nestas instalações.

“A implementação destas medidas não só contribuirá para a redução das emissões, como também posicionará a Europa como líder em tecnologias de transporte sustentável”, garante Pérez. “Trata-se de uma grande oportunidade para que as empresas europeias inovem e desenvolvam soluções que possam ser exportadas para outros mercados”.

O CEF é um programa-chave da União Europeia para promover o crescimento, o emprego e a competitividade através de investimentos específicos em infraestruturas a nível europeu. Esta iniciativa apoia o investimento nas redes europeias de infraestruturas digitais, de transporte e de energia, com o objetivo de completar a RTE-T e facilitar a transição para uma economia de baixo carbono.