Opinião
PROGRAMA LIFE
Tomar medidas com a Europa para mitigar as alterações climáticas
Adrián Rivas
Consultor de Projetos Europeus
DESAFIOS GLOBAIS
Neste artigo, analisamos o novo paradigma cibernético adotado pela União Europeia para mudar paradigmas industriais ultrapassados
Consultor especialista em digital e indústria
A humanidade enfrenta um desafio colossal: como transformar a vida humana com rapidez suficiente para que 8 mil milhões de pessoas possam viver de forma sustentável e pacífica no nosso planeta? Parece haver um consenso prevalecente de que a atual trajetória, se não for alterada, está destinada ao fracasso.
Para enfrentar este grande desafio, o papel da indústria surge como uma força fundamental. Os paradigmas predominantes da produção e da construção, tal como estão atualmente configurados, não conseguem dar resposta aos imperativos prementes colocados pela crise climática e pela emergência planetária. Além disso, não respondem adequadamente às profundas tensões sociais do nosso tempo.
Perante esta necessidade urgente de mudar os paradigmas industriais, a União Europeia assumiu uma posição determinada, que pode ser descrita como o ciberparadigma. No centro deste novo paradigma está a transição Twin, ou seja, a transição conjunta para um futuro digital verde. Implica uma mudança fundamental no sentido da redução e reorientação dos padrões de consumo, da promoção da criação de valor económico sustentável, circular e regenerativo e da promoção de uma prosperidade equitativa.
A República de Platão é a primeira obra a utilizar o termo cibernética (kybernetique), e o autor utiliza-o para falar da arte da navegação, comparando a governação de um navio à governação de uma comunidade.
O termo ressurgiu com um significado renovado na segunda metade do século XX, em parte graças à obra de Norbert Wiener, Cybernetics, or Control and Communication in the Animal and the Machine (Cibernética ou Controlo e Comunicação no Animal e na Máquina), de 1948. Este livro, escrito em linguagem matemática, introduziu a sua teoria do controlo e da comunicação nas máquinas e nos animais, que designou por cibernética.
Wiener é um dos principais criadores da cibernética, uma formalização da noção de feedback, com muitas implicações para a engenharia, o controlo de sistemas, a informática, a biologia, a filosofia e a organização da sociedade.
De acordo com Wiener, o funcionamento dos seres vivos e o das máquinas (especialmente as máquinas digitais modernas) são análogos e paralelos nas suas tentativas de autorregulação através da implementação de circuitos de feedback.
O conceito de feedback, um elemento central da teoria cibernética, refere-se ao retorno do output num ciclo de informação, que permite controlar o comportamento de um sistema, seja ele técnico, físico, biológico ou social. É precisamente a capacidade deste paradigma para controlar o comportamento dos sistemas sociais, nomeadamente da indústria, que interessa a este artigo.
O diagrama desta figura ilustra o princípio fundamental de um sistema de controlo de feedback em circuito fechado aplicado a uma das principais estratégias da União Europeia: o Pacto Ecológico Europeu ou Transição Verde Europeia.
Esta estratégia europeia estabelece objetivos tão ambiciosos como a neutralidade carbónica até 2050, a preservação da biodiversidade, a promoção da economia circular e das energias renováveis, que podem ser considerados como a referência do sistema de controlo.
A Comissão Europeia representa o papel de controlador do sistema e os programas de financiamento (Horizonte Europa, Fundo de Inovação, LIFE, etc.) são os inputs do sistema.
O sistema sobre o qual este controlador atua é a sociedade, com especial ênfase na indústria. O ciclo é fechado através da monitorização dos KPI verdes, cujos valores intensificam ou atenuam as ações (programas de financiamento) levadas a cabo pela Comissão Europeia.
Para que o paradigma cibernético funcione eficazmente, devem ser satisfeitas duas condições: ter um objetivo claro e assegurar um fluxo de informação otimizado. A Europa está empenhada em liderar a transição ecológica e está a trabalhar ativamente para uma transição digital.
Esta combinação interligada de transições (a já referida transição dupla) reforça o paradigma cibernético e aumenta as perspetivas de alcançar os objetivos políticos e sociais estabelecidos pela União Europeia.
Mas porque é que a transição digital e a transição ecológica acima referidas têm de ocorrer em simultâneo e como é que se alimentam mutuamente? Ambas têm um carácter complementar e estão intimamente ligadas ao paradigma cibernético, que pode aumentar os benefícios destas transições, nomeadamente:
O relatório do CCI Towards a Green and Digital Future: Key Requirements for Successful Twin Transitions in the European Union identificou uma série de condições prévias para a implementação bem-sucedida de transições duplas que abranjam os domínios ecológico e digital. Estas condições prévias atuam nas vertentes social, tecnológica, ambiental, económica e política.
Uma condição prévia imperativa exige um maior empenho da sociedade, uma vez que a imposição do poder não é uma abordagem viável, como salientam os investigadores.
Além disso, para facilitar a aceitação destas transições, é necessário imbuir a dupla transição de princípios de equidade e inclusão. Reconhecendo, por exemplo, que nem toda a gente pode pagar financeiramente a instalação de painéis solares, sugere que sejam criados subsídios financiados pelos contribuintes para garantir a acessibilidade, promovendo assim uma transição justa e eficaz.
No entanto, a crescente dependência dos dados no contexto destas transições suscita sérias preocupações em matéria de privacidade. A resposta a estas preocupações exige a aplicação de medidas como a anonimização da recolha de dados e a minimização da aquisição de dados na medida do estritamente necessário.
Num contexto tecnológico, é necessário criar as infraestruturas necessárias, começando pelo acesso universal à Internet de banda larga de alta velocidade. Além disso, é fundamental garantir a interoperabilidade entre os vários dispositivos, assegurando simultaneamente uma distribuição equitativa dos benefícios, com especial destaque para a inclusão das pequenas e médias empresas em pé de igualdade com as grandes empresas.
Os requisitos ambientais exigem campanhas de sensibilização e a imposição de normas ambientais reforçadas para evitar consequências não intencionais e efeitos de ricochete.
De um ponto de vista económico, a criação de mercados propícios é de importância primordial para evitar que se fique enredado no chamado “vale da morte da inovação”, em que os avanços da investigação não se manifestam em aplicações práticas.
Uma faceta fundamental envolve a instituição de um ecossistema regulamentar caracterizado por normas ambientais elevadas que internalizam os custos externos associados à poluição e às emissões. Além disso, a atualização das competências da mão de obra é indispensável para explorar plenamente o potencial das tecnologias digitais.
Por último, de um ponto de vista político, é imperativo que a União Europeia persista no seu papel pioneiro, adotando normas ecológicas e digitais duradouras. A coerência das políticas e a facilitação do investimento privado são de importância primordial neste contexto.
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PRR
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