Ir para opininão de especialistas

ENERGIA

O papel do programa CEF Energy na transformação energética da Europa

Projetos PCM PCI CEF energy
carolina simon

Carolina Simón

Consultora em Projetos Europeus, especialista em Energia

O Pacto Ecológico Europeu assenta em três princípios fundamentais para acelerar a transição para uma energia limpa: garantir um fornecimento de energia seguro e acessível; criar um mercado energético da UE totalmente integrado, interligado e digitalizado; e dar prioridade à eficiência energética.

Assim, a descarbonização do sistema energético da UE é essencial para alcançar a neutralidade carbónica até 2050 e cumprir as metas climáticas de 2030, uma vez que a produção e o consumo de energia representam mais de 75% das emissões de gases com efeito de estufa da UE. Estes esforços não só ajudarão a reduzir as emissões, como também melhorarão a qualidade de vida dos cidadãos europeus.

O que é o programa CEF Energy?

Alcançar os objetivos climáticos e energéticos da UE exige uma transformação profunda do setor energético, abrangendo a descarbonização, a segurança do abastecimento e a integração do mercado, apoiada por infraestruturas energéticas modernas e sustentáveis.

Um dos aspetos-chave desta transição é a criação de uma infraestrutura energética moderna e sustentável que facilite a adoção de energias renováveis, fortaleça as ligações transfronteiriças e promova a integração inteligente dos diferentes setores. Neste contexto, o Connecting Europe Facility Energy (CEF Energy) é um programa de financiamento da UE concebido para apoiar a interligação das infraestruturas energéticas dos países europeus, sendo essencial para alcançar os objetivos energéticos e climáticos da Europa.

Através deste programa, a UE concede apoio financeiro a:

  • Projetos de Interesse Comum (PCI) – Infraestruturas que ligam ou têm um impacto significativo nos sistemas energéticos de pelo menos dois países da UE.
  • Projetos de Interesse Mútuo (PMI) – Iniciativas que ligam a UE a países terceiros.
  • Projetos transfronteiriços no domínio da energia renovável.

Tanto os projetos PCI como os PMI contribuirão para os objetivos energéticos e climáticos da UE, desempenhando um papel crucial na redução da dependência dos combustíveis fósseis e no reforço da resiliência do abastecimento energético. A expansão e modernização das infraestruturas energéticas transfronteiriças permitirão um mercado energético europeu mais eficiente e interligado.

Como os projetos PCI e PMI contribuem para a transição energética

Uma das principais contribuições destes projetos para a descarbonização da economia é permitir a integração das energias renováveis na rede. Neste sentido, o consumo de biogás, hidrogénio renovável e de baixo carbono, combustíveis gasosos sintéticos e redes elétricas offshore são prioridades do Regulamento TEN-E.

Em termos de segurança energética, estes projetos abordam desafios críticos como o isolamento energético e os estrangulamentos nas interligações elétricas. A Comissão Europeia prioriza os PCI que melhoram as interligações elétricas, visando alcançar a meta de interligação de 15% até 2030. O reforço destas ligações transfronteiriças assegura um fornecimento energético mais estável e diversificado, reduzindo a dependência de fontes únicas de energia e aumentando a flexibilidade do mercado. Além disso, os projetos que contribuem para a sincronização dos sistemas elétricos com a rede da UE também ajudarão a criar uma rede mais resiliente e integrada.

O impacto dos projetos PCI e PMI

Um dos principais impactos para a sociedade é a possibilidade de redução dos preços da energia. A expansão das interligações transfronteiriças reforçará a segurança energética ao diminuir a dependência dos combustíveis fósseis, protegendo assim os consumidores da volatilidade do mercado. Além disso, uma rede mais resiliente e eficiente melhorará a estabilidade do sistema, reduzirá o risco de apagões e aumentará a segurança energética em toda a UE.

A implementação destes projetos reduzirá a vulnerabilidade da indústria a crises energéticas ao aumentar as interligações entre os países da UE. Da mesma forma, as redes inteligentes e as soluções de armazenamento de energia melhorarão a eficiência da rede, contribuindo para um sistema energético mais fiável e flexível, essencial para as operações industriais. A transição para fontes de energia mais limpas e eficientes ajudará as indústrias a reduzir os seus custos operacionais e a melhorar a sua competitividade global.

Estes projetos desempenham também um papel fundamental na redução das emissões de gases com efeito de estufa ao facilitar a transição para soluções renováveis. Além disso, ao eliminarem estrangulamentos nas interligações elétricas, contribuirão para o objetivo da neutralidade climática até 2050.

Desafios e oportunidades

Embora o CEF Energy PCI apresente vários desafios, como riscos regulatórios, incerteza financeira, desafios tecnológicos e aceitação social, oferece benefícios significativos para os candidatos. As oportunidades incluem acesso a financiamento, melhoria da competitividade, alinhamento com os objetivos climáticos, melhor integração no mercado e posicionamento no mercado global.

Em conclusão, a UE necessita de infraestruturas energéticas modernas, sustentáveis e interligadas para descarbonizar o sector e garantir a segurança do abastecimento energético em toda a Europa. Para alcançar estes objetivos, os projetos PCI e PMI desempenham um papel crucial, pois criam a infraestrutura necessária para integrar energias renováveis, reduzir a dependência dos combustíveis fósseis e melhorar a conectividade energética transfronteiriça.

O programa CEF Energy oferece apoio financeiro para tornar estes projetos uma realidade, permitindo que os intervenientes do sector energético contribuam para esta transformação em curso. Mas como podem as empresas e os cidadãos beneficiar destas iniciativas? Agora é o momento de explorar oportunidades, investir na inovação e contribuir para a transformação energética da Europa.

Pessoa especialista

carolina simon
Carolina Simón

Sede de Madrid

Consultora em Projetos Europeus, especialista em Energia