Mais de 113 milhões de euros para financiar projetos que contribuam para o desenvolvimento da cadeia de valor do hidrogénio. Este é o orçamento do convite à apresentação de propostas publicado na quarta-feira pela Clean Hydrogen Partnership, uma parceria público-privada única que apoia atividades de investigação e inovação em tecnologias de hidrogénio na Europa, também conhecida como Clean Hydrogen Joint Undertaking (CHJU). As candidaturas para os projetos, com orçamentos que variam entre 1,5 milhões de euros e 20 milhões de euros, podem ser apresentadas até 17 de abril através do Portal de Financiamento e Concursos da UE.
Na edição deste ano, a CHJU dá ênfase à continuidade dos temas do convite anterior. Desta forma, pretende fazer avançar o desenvolvimento tecnológico em áreas cruciais como a eletrólise da água, as soluções de armazenamento subterrâneo, a criação de estações de reabastecimento de hidrogénio e a melhoria das células de combustível de hidrogénio. Em linha com iniciativas anteriores, a CHJU está também empenhada na criação de dois novos vales de hidrogénio, ou seja, ecossistemas em que se destacam a integração perfeita de vários componentes ao longo da cadeia de valor e uma abordagem de sistema integrado que abrange âmbitos geográficos desde o local ao regional, e do nacional ao internacional.
Os ‘topics’ do convite Clean Hydrogen Partnership
Tal como nos anos anteriores, alguns topics exigem a participação de um membro da Hydrogen Europe (a principal associação europeia para a promoção das tecnologias do hidrogénio) ou da Hydrogen Europe Research (uma associação internacional sem fins lucrativos de mais de 150 universidades e organizações de investigação e tecnologia de 29 países da Europa).
O convite abrange 20 topics, estruturados por domínios:
- Produção de hidrogénio renovável (cinco topics, 25 milhões de euros);
- Armazenamento e distribuição de hidrogénio (cinco topics, 27 milhões de euros);
- Utilizações finais do hidrogénio: aplicações nos transportes (quatro topics, 19 milhões de euros);
- Utilizações finais do hidrogénio: calor e eletricidade limpos (dois topics, 9 milhões de euros);
- Atividades transversais (dois topics, 4,5 milhões de euros);
- Vales de hidrogénio (dois topics, 29 milhões de euros).
“Na Zabala Innovation, a nossa experiência considerável adquirida desde o lançamento do programa é demonstrada pela obtenção de uma taxa de financiamento de projetos de 100% na última convocatória”, sublinha Paul Babillot, consultor especializado nas convocatórias da CHJU. “Isto coloca-nos numa posição privilegiada para oferecer apoio não só na preparação das candidaturas, mas também na gestão subsequente dos projetos que foram financiados”, acrescenta.
Descarbonizar a economia
Herdeira da experiência da antiga Empresa Comum Pilhas e Hidrogénio, a CHJU dispõe de 1,2 mil milhões de euros no âmbito do programa Horizonte Europa, um orçamento duas vezes superior ao da sua antecessora no âmbito do Horizonte 2020. “Trata-se de um compromisso claro da Comissão Europeia para fazer do hidrogénio a energia do futuro. Com a sua capacidade de descarbonizar vários sectores e o seu papel na promoção de uma economia neutra em termos de carbono, o hidrogénio encarna o compromisso de Bruxelas para um futuro mais verde e mais resiliente para a Europa e não só”, afirma Babillot.
Para atingir os objetivos do Pacto Ecológico Europeu e do REPowerEU, esta parceria centra-se em ações de investigação e inovação (research and innovation actions, RIA) e visa apoiar predominantemente as PME, enquanto outros programas, como o Innovation Fund, se centram em projetos maduros ou projetos de investimento, sem ter em conta a dimensão da inovação, como é o caso do Banco Europeu do Hidrogénio. No entanto, as ações inovadoras (innovative actions, IA) também fazem parte do programa de trabalho da CHJU, com o objetivo de implantar comercialmente estas novas tecnologias ou processos.
Três pilares e quatro ações horizontais
De modo a abranger todos os aspetos da cadeia de valor do hidrogénio, o programa está dividido em três pilares:
- Pilar 1: Produção de hidrogénio renovável para estabelecer uma indústria de hidrogénio limpo, competitiva em termos de custos, respeitadora do ambiente e inovadora, capaz de satisfazer a crescente procura de energia, reduzindo simultaneamente as emissões de carbono e fazendo avançar a transição energética para um futuro mais sustentável.
- Pilar 2: Armazenamento e distribuição de hidrogénio para facilitar a implantação do hidrogénio limpo e criar as infraestruturas necessárias para apoiar a sua utilização em grande escala.
- Pilar 3: Utilizações finais do hidrogénio para catalisar e facilitar a integração do hidrogénio limpo em vários sectores de utilização final, identificando e apoiando as aplicações mais promissoras. Este pilar divide-se ainda em duas partes: aplicações nos transportes e calor; e eletricidade limpa.
Estes pilares são complementados por iniciativas de coordenação e apoio para facilitar a implantação em massa do hidrogénio. Por conseguinte, são apoiados por quatro outras atividades que se intersectam horizontalmente:
- Atividades transversais;
- Vales de hidrogénio;
- Cadeias de abastecimento de hidrogénio;
- Desafios estratégicos de investigação.