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PME

A UE impulsiona os Euroclusters para uma economia mais resiliente

Euroclusters aviso de concurso

A Comissão Europeia lançou o aviso de concurso do programa Euroclusters, uma iniciativa enquadrada no Programa para o Mercado Único (SMP Cosme), com o objetivo de fortalecer as redes de clusters na Europa. Por meio do financiamento concedido a estas redes de empresas e instituições, os Euroclusters promovem a resiliência das PME, incentivando a adoção de tecnologias avançadas e processos inovadores que facilitem a transição para uma economia mais verde e digital. Aberta desde o passado dia 15 de outubro, esta iniciativa conta com um orçamento de 42 milhões de euros e permanecerá aberta até 5 de fevereiro de 2025.

“Os Euroclusters têm como objetivo reforçar a autonomia estratégica da Europa, construindo uma economia resiliente, sustentável e digital”, explica Itsasne Murua, consultora da área de Regiões e Cidades da Zabala Innovation. “Trata-se de uma oportunidade crucial para os clusters europeus obterem apoios que poderão disponibilizar às pequenas e médias empresas através de financiamento em cascata.”

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Os Euroclusters enquadram-se numa visão mais ampla da Nova Estratégia Industrial para a Europa e da sua versão atualizada, publicada em maio de 2021. Estas estratégias procuram modernizar os ecossistemas industriais do Velho Continente e aumentar a sua capacidade de resposta a crises globais como a pandemia da COVID-19 ou as tensões nas cadeias de abastecimento internacionais.

O programa divide-se em duas grandes áreas:

  • Tecnologias de emissões zero e matérias-primas críticas, incluindo iniciativas para garantir um fornecimento seguro e sustentável de tecnologias-chave, a ampliação da capacidade de fabrico e a reciclagem de matérias-primas estratégicas.
  • Cadeias de valor não incluídas no primeiro eixo, abrangendo outros sectores igualmente relevantes para a competitividade europeia.

Espera-se financiar até 16 projetos, com um orçamento máximo de cerca de 2,6 milhões de euros por projeto. Os clusters selecionados deverão alocar pelo menos 75% do financiamento para apoiar as PME através de chamadas abertas de financiamento em cascata.

O papel estratégico dos clusters

“Os clusters são concentrações de empresas e instituições interligadas, localizadas em áreas geográficas específicas, que partilham recursos e conhecimento”, explica Murua. Esta estrutura permite às pequenas e médias empresas colaborarem com atores-chave, como centros de investigação, parques tecnológicos e entidades públicas, criando cadeias de valor mais robustas e competitivas.

“O programa Euroclusters destaca a capacidade dos clusters de atuar como agentes de mudança. Estes não só conectam empresas, mas também geram um impacto direto nos ecossistemas locais e regionais”, acrescenta a especialista. “Desta forma, impulsionam setores estratégicos, como a indústria de emissões zero ou a reciclagem de matérias-primas críticas, fundamentais para a transição ecológica.”

O design do programa procura maximizar a participação das pequenas e médias empresas, que representam mais de 99% do tecido empresarial da União Europeia. As PME poderão aceder ao financiamento através de chamadas específicas lançadas pelos Euroclusters, permitindo-lhes adotar tecnologias avançadas e melhorar a sua competitividade global.

Além do financiamento, o programa dá prioridade à formação e qualificação dos trabalhadores, com o objetivo de promover o desenvolvimento de competências e atrair novos talentos. Paralelamente, será incentivada a internacionalização das PME, ajudando-as a aceder a cadeias de abastecimento e mercados globais.

Os Euroclusters também têm uma forte componente estratégica. Apoiam diretamente iniciativas-chave da Comissão Europeia, como o Plano Industrial do Pacto Ecológico Europeu, que inclui a Lei das Matérias-Primas Críticas e a Lei da Indústria de Emissões Zero. Adicionalmente, estão alinhados com a Estratégia de Segurança Económica Europeia, que visa reforçar a autonomia da UE face a dependências externas em sectores estratégicos.

“A combinação destes objetivos torna os Euroclusters num pilar essencial para o futuro económico da Europa”, afirma Murua. “A transição ecológica e digital é imprescindível, mas também devemos garantir que a Europa possa liderar estes processos a partir de dentro, sem depender de terceiros para matérias-primas ou tecnologias-chave.”

Uma oportunidade para a liderança europeia

O Programa para o Mercado Único, do qual fazem parte os Euroclusters, tem um orçamento total de 4.200 milhões de euros para o período 2021-2027. O seu objetivo é garantir que o mercado único europeu alcance todo o seu potencial, fornecendo às empresas, especialmente às PME, as ferramentas necessárias para prosperar num ambiente global em constante mudança.

A relevância do mercado único, que há quase três décadas promove a mobilidade de bens, serviços e pessoas dentro da UE, é reforçada com iniciativas como os Euroclusters, que não só abordam a recuperação pós-pandemia, mas também estabelecem as bases para uma economia mais resiliente e sustentável.

“A chave para o sucesso dos Euroclusters será uma estratégia planeada e colaborativa. Não se trata apenas de um subsídio, mas de uma oportunidade para transformar os ecossistemas industriais europeus”, conclui Murua.