Produção de hidrogénio renovável, para além da eletrólise

Nos últimos anos, as tecnologias do hidrogénio têm sido um ponto de discussão fundamental no domínio da I&D europeia, com vários conceitos novos e projetos bem-sucedidos de produção, transporte, armazenamento e utilização. A produção de hidrogénio renovável é uma das prioridades da Comissão Europeia no sector da energia, mas ainda há um longo caminho a percorrer. Apenas 4% do hidrogénio produzido na Europa em 2022 pode ser considerado neutro em termos de carbono, uma vez que foi gerado por eletrólise, alimentada por fontes de energia renováveis ou nucleares. Os restantes 96% provêm de uma variedade de fontes, na sua maioria dependentes de combustíveis fósseis tradicionais, como o gás natural, de acordo com a Comissão Europeia.

Para resolver esta questão, Bruxelas criou vários mecanismos de financiamento para projetos relacionados com o hidrogénio, incluindo a Empresa Comum Hidrogénio Limpo (CHJU, em inglês), que financia projetos de I&D&I relacionados com a produção de hidrogénio limpo, o transporte, o armazenamento, a mobilidade e outras questões transversais, também conhecida como Clean Hydrogen Partnership.

Vários programas, como o Horizon Europe e o Innovation Fund, também divulgaram oportunidades de financiamento neste domínio. A Comissão Europeia, através de iniciativas como a Hydrogen Europe, também mostra o seu empenho no desenvolvimento do sector através de vários eventos, como a Semana Europeia do Hidrogénio, uma conferência de uma semana onde são apresentados e discutidos os últimos avanços tecnológicos.

Formas alternativas de produção de hidrogénio

O mercado da UE necessita de uma transição para vias de produção sustentáveis. O hidrogénio renovável é produzido por eletrólise alimentada por fontes renováveis (por exemplo, produção de energia solar ou eólica) para separar o hidrogénio e o oxigénio da água. Por outras palavras, a energia elétrica é convertida em energia química, que pode ser utilizada como fonte de combustível ou, quando necessário, reconvertida novamente em eletricidade.

Outras tecnologias bem conhecidas e estabelecidas de produção de hidrogénio com baixas emissões, como a eletrólise nuclear (hidrogénio rosa) e a reforma do gás natural seguida de gaseificação com captura e utilização de carbono (hidrogénio azul), apesar de alguns inconvenientes, são atualmente as vias mais viáveis e financiadas para apoiar o objetivo de um sector neutro em termos de carbono. Nos últimos anos, porém, surgiram processos e matérias-primas alternativos sustentáveis.

• Gaseificação a partir de matérias-primas alternativas. Embora a gaseificação se baseie principalmente na lenhite e na hulha negra, novas matérias-primas mais sustentáveis estão a começar a mostrar um verdadeiro potencial. Neste processo, os resíduos não recicláveis (por exemplo, resíduos orgânicos domésticos, pneus de automóveis, turbinas eólicas, etc.) são expostos a altas temperaturas sem combustão, evitando assim as emissões de gases.
• Pirólise. Trata-se da decomposição termoquímica de compostos orgânicos com exclusão do oxigénio (sem combustão). Este processo produz o chamado hidrogénio turquesa.
• Termólise. Semelhante à pirólise, a termólise é um processo termoquímico que separa a biomassa sólida do gás sem gerar chama.

Embora ainda haja uma grande necessidade de desenvolver e apoiar a produção de hidrogénio verde através da eletrólise, estas tecnologias e matérias-primas demonstraram um grande potencial para serem alternativas sustentáveis aos combustíveis fósseis tradicionais e podem ser intervenientes fundamentais no esforço de descarbonização do sector.

Todas estas tecnologias, projetos, tendências e possíveis mudanças políticas foram exploradas e discutidas na última Semana Europeia do Hidrogénio, na qual a Zabala Innovation participou. Realizado em Bruxelas no final de novembro e organizado pela Hydrogen Europe em colaboração com a Comissão Europeia, o evento propôs várias conferências políticas de alto nível, um fórum B2B onde foram debatidas várias tendências do sector e uma exposição para os líderes da indústria, empresas em fase de arranque e projetos financiados pela UE mostrarem os seus últimos desenvolvimentos.

Clean Hydrogen Partnership 2024 e outras oportunidades de financiamento

Este será um ano cheio de oportunidades para projetos de hidrogénio, com vários mecanismos de financiamento e programas de trabalho correspondentes. Destacamos três deles.

• CHJU. Sucessor da Empresa Comum Pilhas de Combustível e Hidrogénio 2 (Empresa Comum FCH 2), o principal objetivo deste programa é contribuir para o Pacto Verde Europeu e para a Estratégia da UE para o Hidrogénio através do financiamento de projetos disruptivos de I&D&I em produção limpa, armazenamento, transporte, mobilidade, utilizações finais e outros temas transversais. O convite à apresentação de propostas para 2024 foi aberto ontem e o prazo para apresentação de candidaturas termina a 17 de abril. A Clean Hydrogen Partnership organizará um dia de informação sobre este convite a 26 de janeiro.
• Horizon Europe. Os projetos relacionados com o hidrogénio serão financiados através dos tópicos do Cluster 4 Digital, Indústria e Espaço e do Cluster 5 Clima, Energia e Mobilidade.
• Innovation Fund. O programa financia propostas centradas em tecnologias pioneiras em sectores industriais com utilização intensiva de energia, incluindo projetos relacionados com o desenvolvimento de substitutos de carbono intensivo, energias renováveis, armazenamento de energia, captura e armazenamento de carbono e captura e utilização de carbono. Este fundo também apoia projetos relacionados com o fabrico de eletrolisadores e a utilização de hidrogénio em várias aplicações, como a mobilidade.

A Comissão Europeia lançou também o leilão-piloto do Banco Europeu de Hidrogénio, com um orçamento total de 800 milhões de euros, que permitirá aos produtores de hidrogénio renovável beneficiar de prémios por cada quilograma de hidrogénio produzido.

As oportunidades para os produtores de hidrogénio, investigadores e integradores de tecnologia serão variadas em 2024, mas o sector ainda tem um longo caminho a percorrer. Não só em termos do orçamento total destinado ao financiamento, mas também em termos das tecnologias de produção alternativas apoiadas. Atualmente, a produção de hidrogénio por eletrólise está no centro das atenções, como deve ser, mas o sector beneficiaria de uma carteira de tecnologias financiada mais diversificada.

Neste contexto, é fundamental encontrar um parceiro que não só compreenda a ideia do projeto, mas também saiba como enquadrá-lo no âmbito do tópico para garantir a máxima elegibilidade e probabilidade de sucesso. A Zabala Innovation pode desempenhar o papel deste parceiro de confiança, disponibilizando especialistas na área e no panorama do financiamento europeu.