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HORIZON EUROPE

Quais serão os desafios e as tecnologias necessárias para as chamadas “do prado ao prato” de 2025?

do prado ao prato
Juan José Candel

Juan José Candel

Director de Projetos Europeus

Os desafios do sector agroalimentar em 2025

1.Alterações climáticas

As alterações climáticas continuam a ser uma das maiores ameaças à produção alimentar mundial. Os padrões meteorológicos imprevisíveis, os fenómenos extremos e a crescente escassez de água ameaçam a estabilidade dos sistemas alimentares. As tecnologias futuras devem não só reduzir o impacto climático do sector, mas também aumentar a resiliência, garantindo que os sistemas alimentares possam resistir e adaptar-se a estas condições ambientais em mutação.

2. Equilíbrio entre crescimento e limites ambientais

Embora a produtividade agrícola seja essencial, deve ser alcançada sem ultrapassar os limites ecológicos. Os avanços tecnológicos devem garantir que as práticas agrícolas não degradam os ecossistemas, não exploram excessivamente os recursos nem contribuem para a perda de biodiversidade. É necessário um equilíbrio entre inovação e sustentabilidade, apoiado por políticas e quadros regulamentares sólidos que incentivem o crescimento sustentável.

3. Acesso equitativo e inclusão

Um dos principais desafios na adoção de novas tecnologias agro-alimentares é garantir um acesso equitativo. Os pequenos agricultores, as comunidades costeiras e os grupos sub-representados são frequentemente excluídos dos avanços tecnológicos. Para criar sistemas alimentares verdadeiramente inclusivos, as iniciativas futuras devem apoiar estas partes interessadas na adoção de inovações. Garantir a participação a todos os níveis – da produção ao consumo – é crucial para a construção de um sistema alimentar mais inclusivo e resiliente.

4. Governação e colaboração intersectorial

Um sistema alimentar sustentável exige uma abordagem integrada e intersectorial. A colaboração entre os sectores da agricultura, das pescas, da aquicultura, da saúde e do ambiente é necessária para abordar questões complexas como a segurança alimentar, a saúde pública e a sustentabilidade. Diretrizes de governança bem delineadas que promovam a cooperação, a concorrência leal e políticas coerentes.

5. Sensibilização dos consumidores e mudança de comportamento

A mudança de comportamento dos consumidores é um dos maiores obstáculos à transição para sistemas alimentares sustentáveis. É essencial educar o público sobre os regimes alimentares sustentáveis, os benefícios ambientais das proteínas alternativas e o papel do sector agrícola europeu como agente de mudança. As mudanças de comportamento, impulsionadas pela inovação social, desempenharão um papel fundamental na transformação dos padrões de consumo.

Tecnologias para os convites à apresentação de propostas “do prado ao prato” de 2025

Como é que podemos enfrentar estes desafios? Eis algumas das principais tendências tecnológicas que provavelmente estarão na vanguarda  convites à apresentação de candidaturas “do prado ao prato” de 2025, uma iniciativa fundamental do Pacto Ecológico Europeu, que tem por objetivo tornar o sistema alimentar da UE mais justo, mais sustentável e mais respeitador do ambiente:

1. Agroecologia e práticas agrícolas sustentáveis como pedra angular

A agroecologia, que integra princípios ecológicos nas práticas agrícolas, será fundamental para impulsionar sistemas alimentares sustentáveis. A tónica será colocada em tecnologias que promovam sistemas agrícolas respeitadores da natureza, inclusivos e rentáveis. No entanto, as linhas tradicionais de investigação, como o melhoramento vegetal e a gestão das culturas, continuarão a ser relevantes, especialmente para enfrentar as ameaças emergentes à fitossanidade e à produtividade.

2. A ascensão da agricultura digital

As tecnologias digitais – como a agricultura de precisão, a análise de dados e a inteligência artificial – estão a revolucionar a produção alimentar. As ferramentas de monitorização em tempo real estado das culturas, da qualidade dos solos e da utilização da água permitirão aos agricultores adotar práticas agrícolas mais eficientes e sustentáveis. Até 2025, a agricultura digital será essencial para otimizar a utilização dos recursos e melhorar a resistência aos desafios ambientais.

3. Proteínas alternativas

A atenção dada às fontes alternativas de proteínas – como as proteínas de origem vegetal e as produzidas pela biotecnologia – continuará a aumentar. Estas inovações reduzem a dependência da pecuária tradicional, atenuam os impactos ambientais e abordam questões como a utilização dos solos e as emissões de gases com efeito de estufa. Dado que tanto os consumidores como as empresas procuram opções sustentáveis de proteínas, este domínio será um importante motor de inovação.

4. Economia circular e eficiência dos recursos

A circularidade continuará a ser um princípio orientador dos futuros sistemas agrícolas, com ênfase na redução dos resíduos e na eficiência dos recursos. As tecnologias que apoiam a reciclagem de nutrientes, a gestão de resíduos e as práticas agrícolas de baixo consumo serão vitais para criar sistemas de ciclo fechado. Estas inovações beneficiarão tanto o ambiente como a economia, introduzindo novos modelos de negócio que dão prioridade à sustentabilidade. A agricultura circular, apoiada pela conceção ecológica e por novas estratégias de marketing, ajudará a minimizar os resíduos e a maximizar a eficiência dos recursos.

Reflexões finais

Não esperamo mudanças revolucionárias na agenda 2025, mas sim uma transição suave para o último biénio. Durante esta fase, tecnologias facilitadoras como a agroecologia, a agricultura digital, as proteínas alternativas e a circularidade serão cruciais para ajudar o sector agroalimentar a enfrentar os seus maiores desafios.

Vamos manter-nos ligados e continuarmos a conversa.

Pessoa especialista

Juan José Candel
Juan José Candel

Sede de Valência

Director de Projetos Europeus